sábado, 25 de agosto de 2012

A voz do Papa .Comunhão contemplação eucarística.





                                                        






A ação litúrgica só pode expressar o seu pleno significado e valor se for 
precedida, acompanhada e seguida por esta atitude interiorde fé e de adoração.

Esta tarde gostaria de meditar convosco sobre  dois aspectos, ligados entre si, do mistério eucarístico: O culto da Eucaristia e a sua sacralidade. É importante retomá -los em consideração para os preservar de visões incompletas do próprio Mistério, como aquelas que se revelaram no passado recente.

Uma interpretação unilateral  do Concilio  Vaticano II
 
Antes de tudo, uma reflexão sobre o valor do culto eucarístico, em particular da adoração ao Santíssimo Sacramento.É  a experiência que, também esta tarde, nós viveremos após a Missa, antes da procissão, durante a sua realização e no seu encerramento. Uma interpretação unilateral  do Concílio Vaticano II  tinha penalizado  esta dimensão, limitando praticamente a Eucaristia ao momento  celebrativo.
Com efeito, foi muito importante reconhecer a centralidade da celebração, na qual o senhor convoca o seu povo, o reúne ao redor  da dúplice mesa da palavra  e do Pão da vida, o alimenta e une a si no ofertório  do Sacrifício. Esta valorização  da assembleia  litúrgica, na qual o Senhor  age e realiza o seu mistério de comunhão, permanente  obviamente válida, mas  ela deve ser recolocada no equilíbrio justo. Com efeito  como acontece  com frequência, para rerssaltar um aspecto  termina-se  por sacrificar outro. Neste caso, a justa evidência  conferida à celebração da Eucaristia  prejudicou a adoração,como no gesto de FÉ e de oração dirigido ao Senhor  Jesus, realmente  presente no sacramento do altar.
Este desequilibrio  teve repercução inclusive  na vida esperitual  dos fiéis. Com efeito, concentrando  toda a relação com Jesus Eucaristia  unicamente no momento da Santa Missa, corre-se  o risco de esvaziar sua presença  do tempo e do espaço existenciais. E assim compreende-se  menos o sentido da presença concreta, próxima, no meio das nossas casas como coração vibrante  da cidade, do povoado,do território com as suas várias expressôes e atividades o Sacramento da caridade de Cristo deve permear toda a vida cotidiana.

Quando a assembleia se dissolve , Deus  permanece conosco.

Na realidade, é errado opor a celebração à adoração, como se estivessem  em concorrência  uma com a outra. É  precisamente o contrário:  o culto ao Santíssimo Sacramento constitui com que o ambiente  espiritual em cujo contexto a comunidade pode celebrar bem na verdade a Eucaristia. A ação litúrgica só pode expressar  o seu pleno  significado  e valor  se for precedida, acompanhada e seguida por esta atitude  interior de FÉ  e de adoração.
O encontro com Jesus na Santa Missa  realiza-se verdadeira e plenamente quando a comunidade é capaz de reconhecer  que no Sacramento Ele habita  a sua casa, nos espera, nos convida  à sua mesa e depois, quando a assembleia se dissolve, permanece connosco com a sua presença discreta e silenciosa, acompanha-dos com a sua intercessão, continuando a receber os nossos sacrifícios  espirituais  e  a oferecê-los ao nosso pai.
A  este propósito,   apraz -me  sublinhar  a experiência  que juntos viveremos  também nesta noite.  No momento da adoração, nós estamos todos no mesmo plano, de joelhos  diante do Sacramento do amor. O sacerdócio  comum e o ministerial encontram-se unidos  no culto  eucarístico. É uma experiência  muito bonita e significativa, que vivemos  várias  vezes  na Basílica de São Pedro, e também  nas inesquecíveis  vigílias  com os jovens  recordo,por  exemplo , as de colónia, Londres, Zacrep e Madri. É evidentemente  para todos  que estes momentos de vigília eucarística preparam  a celebração da Santa Missa  e predispõem os corações para o encontro, de tal modoque seja  ainda mais fecundo.

       O  amor autêntico vive  desta reciprocidade  de olhares  e silêncios

 Estamos todos  em silêncio prolongado  diante  do senhor  presente  no seu Sacramento é uma das expressões mais autênticas  do nosso ser  Igreja,que é acompanhada  de maneira  complementar  pela  celebração da Eucaristia. ouvindo  a palavra de DEUS, cantando, aproximando-nos  juntos da mesa  do Pão da Vida. Comunhão não se podem separar, pois caminham juntas . Para me comunicar  verdadeiramente com outra pessoa devo conhecê-las,saber estar em silêncio  no seu lado,ouvi-la e fitá-la com  amor autêntico e a amizade  verdadeira vivem sempre desta reciprocidade  de olhares, de silêncios intensos, eloquentes, repletos de respeito e de veneração, de tal maneira que o encontro  seja vivido profundamente, de modo pessoal e não superficial . E infelizmente, se falta esta dimensão, também a própria comunhão sacramental pode tornar-se , da nossa parte,um gesto superficial.
No entanto, na comunhão autêntica , preparada pelo diálogo da oração e da vida podemos dirigir ao Senhor palavras de confiança , como aquelas  que há pouco ressoaram no Salmo responsorial Senhor , sou teu servo, filho da tua serva; quebraste a minhas cadeias. Hei de oferecer-te  sacrifícios e louvor invocando , o teu nome(Salmo, 115.16-17).

CRISTO não aboliu mo sagrado, mas o completou.

 Agora gostaria de passar brevemente ao segundo aspecto: a sacralidade  da EUCARISTIA. Também aqui um ressentimos, no passado recente, de um determinado desentendimento a respeito da mensagem  autêntica da Sagrada  escritura. A novidade Cristã em relação ao culto foi influenciada  por  certa mentalidade secularista  dos anos setenta do século  passado.
É verdade, e permanece sempre válido, que o centro do culto já não se encontra nos ritos e nos sacrifício antigos, mas no próprio Cristo, na sua pessoa, na sua vida e no eu mistério pascal. E, todavia, desta novidade fundamental não se deve concluir que o sagrado já não existe, mas sim que ele encontrou o seu seu cumprimento em Jesus   CRISTO amor  divino encarnado.
A carta aos Hebreus, que ouvimos esta tarde na segunda leitura,  fala-nos precisamente  da novidade  do sacerdócio de Cristo, Sumo Sacerdote dos bens futuros ( Hb 9,11), mas não afirma que o sacerdócio terminou. Cristo é mediador de uma nova aliança (9,15), estabelecida no seu sangue , que purifica  a nossa consciência das obras mortas (98,14). Ele não aboliu o sagrado,mas o complementou, inaugurando um novo culto, que e sem duvida plenamente espiritual, mas que, no entanto,enquanto estivermos a caminho  no tempo, ainda se serve de sinais e de ritos, que só virão a faltar no final , na Jerusalém celeste,onde já não haverá templo algum ( cf Ap21,22). Graças a Cristo,  sacralidade é mais verdadeira , mais inensa e como acontece no caso dos mandamentos,também mais exigente! Não é suficiente a observância ritual, mas exigem-se a purificação do coração e o compromisso com a vida.

O novo reino é sinal  supremo e verdadeiro do Sagrado

Apraz-me ressaltar também que o sagrado tem uma função educativa, e o seu desaparecimento emprobece  inevitavelmente a cultura em particular a formação das novas gerações. Se, por exemplo, em nome de uma Fé  secularizada que já não precisa,de sinais sagrados, fosse abolida  esta procissão urbana de Corpus Cristi, o perfil espiritual de Roma ficaria nivelado e a nossa e comunitária  seria debilitada.Ou então pensemos numa mãe e num pai que, em nome de uma fé  dessacralizada, privassem seus filhos de toda ritualidade religiosa: na realidade, acabariam por deixar livre campo  aos numerosos sucedâneos presentes na sociedade  consumista, a outros ritos e sinais, que mais facilmente poderiam torna-se ídolos.
Deus nosso pai, não agiu assim com a humanidade:  mandou o seu filho ao mundo  não para abolir, mas para levar a cumprimento também o sagrado. No  ápice desta missão na última ceia, Jesus instituiu  o Sacramento do seu corpo é do seu sangue , o memorial do seu sacrifício  pascal. Agindo deste modo, ele pôs-se no lugar dos sacrifícios  antigos, mas fê-lo no âmbito de um rito, que ordenou aos Apóstolos que perpetuassem como sinal supremo do verdadeiro  Sagrado, que mé ele mesmo. 
Caros irmãos e irmãs, é com esta fé que nos celebramos hoje e cada dia o mistério eucarístico e que o adoramos como centro da nossa vida e coração do mundo! Amem.
                                (homilia na Missa da solenidade de corpus 
                                  Corpus Cristi, 7-6-2012 Arautos do evangelho)
















sábado, 11 de agosto de 2012

A voz do Papa. Recomeçar a partir de Deus.









Numa época em que, para muitos, Deus se tornou um grande desconhecido, 
 haverá um relançamento da obra missionária
 sem  a renovação  da qualidade da nossa Fé e da nossa oração.
A racionalidade científica e a cultura técnica não tendem só a uniformizar o mundo,mas muitas vezes  ultrapassam os respectivos âmbitos específicos, na pretensão de delinear no perímetro  das certezas da razão, unicamente com o critério  empírico das próprias conquistas. Assim, o poder das capacidades humanas acaba por ser considerado a medida do agir, separado de qualquer  norma moral. 
Neste contexto, como podemos  corresponder á responsabilidade que foi confiada pelo Senhor?
Com podemos  semear com confiança a  Palavra de Deus, para que cada um possa encontrar a verdade de si mesmo, a sua  autenticidade e esperança?Estamos conscientes de que não são suficientes novos métodos de anuncio evangélico ou de obra pastoral, para fazer com que a proposta  Cristã possa encontrar mais acolhimento e partilha.
 Na  preparação do Vaticano II,a interrogação  predominante a qual a assembleia conciliar tencionava  oferecer uma resposta era: Igrejas, o que dizes de ti mesma? . Aprofundando esta pergunta, os padres  conciliares foram, por assim dizer,  reconduzidos ao cerne da resposta:  tratava-se de recomeçar a partir de Deus, celebrado, professado e testemunhado.
Com efeito  exteriormente por acaso, a primeira constituição aprovada foi sobre a Sagrada Liturgia:  o culto divino  orienta o homem rumo à cidade futura e restitui a Deus o seu primado, plasma a Igreja convocada incessantemente pela palavra, e mostra ao mundo a fecundidade do encontro com Deus.
por  nossa vez, embora devamos cultivar um olhar reconhecido pelo crescimento do trigo bom também num terreno que se apresenta muitas das vezes árido, sentimos  que a nossa  situação exige um impulso renovado da fé é da vida Cristã. Numa época em que , para muitos Deus se tornou um grande desconhecido e Jesus um grande personagem do passado, não haverá um relançamento da obra missionária sem a renovação da qualidade da nossa  FÉ e da nossa oração; não seremos capazes de oferecer respostas adequadas, sem um acolhimento renovado do dom da graça; não saberemos conquistar os homens para o evangelho, se nós mesmos não formos os primeiros a viver uma profunda experiência de Deus.
Estimados irmãos, a nossa tarefa primária, a verdadeira e singular consiste em comprometer a vida no que vale a pena e permanecer, naquilo que é realmente fiável,necessário e último.
Os homens vivem de Deus daquele que procuram - muitas das vezes inconscientemente ou apenas,  às apalpadas  para dar um significado pleno  á existência: nós temos  a tarefa de o anunciar e mostrar, de orientar, rumo ao encontro com ele . Mas é sempre importante recordar- nos que a primeira condição para falar de Deus é falar com Deus,tornando-nos cada vez mais homens de Deus alimentados por uma vida de oração intensa e plasmado pela sua graça.
 ( Excertos do discurso assembleia geral da conferência Episcopal Italiana,24-5-2012).